O juazeirense Daniel Alves, consagrado
como jogador de futebol de nível internacional, em entrevista ao site da
CBF nesta terça-feira 13, na Suiça, onde se encontra para mais uma
amistoso da Seleção Brasileira, falou de sua história, da relação
estreita que mantém com a família – em especial com seu pai, a quem
chama de ídolo e herói – e de planos para o futuro, entre os quais a
pretensão de construir um Centro de Treinamento em sua cidade natal,
Juazeiro-Bahia.
Abaixo, reproduzimos na íntegra a matéria postada no site oficial da CBF.
Assessoria CBF
Daniel Alves teve uma infância marcada
pela modéstia financeira da família. Foi um tempo de dificuldade, mas
também fundamental para a formação do seu caráter e aprendizado de vida,
em que tinha no pai Domingos mais do que um exemplo. “Eu só queria ser
igual a ele. Até hoje é o meu ídolo e herói”.
Era também o seu sonho de vida: seguir
os passos do pai, um agricultor que jogava de centroavante no time
amador de Juazeiro onde nasceu, na Bahia. Passados tantos anos, um olhar
para trás revela o quanto tudo o que Daniel viveu foi importante e
decisivo para as suas conquistas.
Craque que ganhou o mundo, ídolo do
Barcelona, titular da Seleção Brasileira e realizado financeiramente,
Daniel Alves não perdeu a simplicidade nem o sentido de preocupação e
solidariedade com o próximo e os mais carentes. Ele ajuda diversas
fundações assistenciais.
Mas não só isso. No futuro, quando
abandonar o futebol, ele quer fundar um Centro Esportivo na sua
Juazeiro, para dar oportunidade de surgirem novos Daniel Alves. No
futebol e na vida.
- Em recente programa de tevê, foi
abordada a sua infância, mostrada a casa onde morou, em Juazeiro, criado
em família modesta, em que todos trabalhavam no campo. O que você se
lembra desse tempo?
- Foi fundamental na minha formação, me
ajudou a valorizar as coisas que realmente importam na vida e deixar de
lado tudo o que é superficial. Quem não sabe dar o devido valor às
coisas que conquista pode muito rapidamente também perdê-las.
- Naquela época, qual era o sonho do Daniel Alves?
- Eu só tinha um sonho: ser igual ao meu
pai. Ele trabalhava no campo, como agricultor, eu estava sempre junto,
em todo lugar. Mas ele também jogava bola. Era centroavante, e dos bons,
do time de Juazeiro, e isso me fez querer ser jogador de futebol. Tanto
que comecei a jogar na escolinha do Caboclinho, em Juazeiro, de
centroavante. Só que havia jogadores mais altos e foram me recuando,
primeiro para a meia, depois volante, até chegar à lateral-direita.
- Do time do Caboclinho ao Juazeiro,
passando pelo Bahia e Sevilha, você chegou ao Barcelona e à Seleção
Brasileira. Esperava ascender tão longe no futebol?
- Meu pai sempre levou fé que eu iria
ser grande jogador. E ele é fanático por futebol, entende, não perde
jogo, assiste a tudo pela TV. Mas o caminho foi longo. Disputei uma Taça
Bahia de juvenil pelo Juazeiro, fui para o juvenil do Bahia, depois
lançado no profissional pelo Evaristo de Macedo, Seleção Sub-20, até
chegar ao Sevilha. Não foi nada fácil, mas certamente foi uma trajetória
de ascensão.
- Você jogou cinco anos e meio no Sevilha. Não temeu em estacionar e por que demorou tanto a sair, contratado pelo Barcelona?
- Sempre houve interesse de outros
clubes, mas me sentia muito bem no Sevilha, era querido pela torcida. Lá
aprendi muito, progredi, tanto que quando fui convocado pela primeira
vez para a Seleção Brasileira, ainda estava no Sevilha. E tive a
felicidade de sair no momento certo, para o clube certo.
- Voltando ao seu pai. Fica visível o
carinho e o orgulho que você demonstra quando fala do “seu” Domingos.
Hoje, ele é quem deve estar orgulhoso de você, concorda?
- Espero que sim, afinal ele está sempre
me vendo jogar. O meu pai é o meu espelho, meu ídolo e herói até hoje.
Sinto muita falta dele, como aconteceu neste domingo, Dia dos Pais. Mas
mandei uma mensagem muito bonita e ainda nos falamos por telefone. Só
temos uma diferença: ele é palmeirense; eu gosto do São Paulo.
- Olhando para o passado, o que mudou
do Daniel Alves que começou a jogar bola em Juazeiro para o lateral que
ganhou o mundo com o Barcelona e a Seleção Brasileira?
- Não mudou nada. Digo que eu melhorei
como jogador e pessoa, graças ao sonho que percorri e a tudo o que foi
traçado na minha vida. Olhando para trás, garanto que faria tudo de
novo. Pois foi dessa maneira, passando por tudo o que passei, por todas
as dificuldades, que eu consegui conquistar os meus objetivos, sempre
fazendo o melhor nos momentos certos.
- O que você pensa em fazer quando
abandonar o futebol. Vai ter uma fundação para ajudar jovens carentes
como fazem alguns ex-jogadores?
- Eu já ajudo algumas instituições
assistenciais. Mas o que eu quero mesmo, quando abandonar o futebol, é
fundar um Centro Esportivo lá em Juazeiro para dar oportunidade aos
jovens, de ser jogador de futebol e também bons cidadãos. Mas vai
demorar um pouco. Pelo menos é o que espero. Quero jogar uns 10 anos,
mais ou menos- diz com um sorriso.
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