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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Siloé: a história do moicano loiro que virou príncipe na base da fé e da bola


27/04/2011 07h35 - Atualizado em 27/04/2011 09h03

Siloé: a história do moicano loiro que virou príncipe na base da fé e da bola

Em alta após se destacar no duelo contra o Fla no Rio, jogador do Horizonte relembra que passou fome e quase desistiu do futebol

Por Janir JúniorDireto de Horizonte, CE
No Evangelho, Siloé significa um poço em Jerusalém onde o cego de nascença se banhou e recebeu o milagre da visão. Enxergando um futuro que vai além do Horizonte, Siloé, 20 anos, chamou a atenção no jogo contra o Flamengo pela arrancada que acabou no pênalti convertido por Elanardo, que resultou no empate em 1 a 1. Por trás da bela jogada na partida de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil está escrita uma história de superação, humildade, fome e longas caminhadas para chegar aos treinos no Ferroviário, seu primeiro time. Com a bola nos pés, ele luta para vencer e dar melhores condições a sua família; com a Bíblia nas mãos, ele se desviou do caminho das drogas, buscou forças para não desistir da carreira e sonha com um futuro iluminado.
- Vivo um momento de príncipe. Depois do jogo com o Flamengo, de um dia para o outro, dizem que virei celebridade. Mas isso não mexe com a minha cabeça. O futebol proporciona muita coisa na vida. Através dele, sonho dar uma boa condição para minha família – disse Siloé, no discurso habitual de quem sonha em vencer na vida através do futebol.
Siloé Ferroviário (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)Siloé comemora o bom momento sem esquecer das dificuldades do passado (Foto: Janir Júnior/ Globoesporte.com)
Irmão do jogador Silas, que teve passagem pelo Botafogo em 1996, o atacante do Horizonte-CE mora em uma casa extremamente humilde no bairro Quintino Cunha, em Fortaleza. Aos 13 anos, precisava caminhar quatro quilômetros para treinar no Ferroviário, onde começou a carreira e ficou durante seis anos. Muitas vezes de estômago vazio. E chegou a pensar em desistir.
- Às vezes, faltava aos treinos, pois tinha dificuldades, queria ver minha mãe, e sentia fome. Tinha que andar muito para treinar e quase larguei o futebol para arrumar outro emprego – afirmou o jogador, que revela ser torcedor do Corinthians.
Siloé família Ferroviário (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)Em sua casa humilde, Siloé destaca a importância
da família (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
Mãe do atacante do Horizonte, Francineti Maciel, 60 anos, criou o filho sem a presença do pai. Responsável pelo lado evangélico da família e pelo nome do atacante, ela sabe como ninguém que o sofrimento pode levar à glória.
- Com a proteção de Deus, é preciso sofrer um pouco para vencer na vida. Agora, ele é uma estrela que brilha no Horizonte. Espero que Siloé possa dar uma melhor condição de vida para a nossa família.
Antes de brilhar no Horizonte, o jogador deixou Fortaleza aos 19 anos para tentar a sorte no Ergotelis, time da Ilha de Creta, na Grécia. E depois no Cruzeiro. Acabou de volta a Fortaleza, em busca do seu espaço no Horizonte. E é muito grato ao presidente do clube cearense, Paulo Wagner.
- Os caras da Grécia ficaram doidos comigo, mas acabei voltando. O Paulo me ajuda muito.
Paulo Richard, empresário de Siloé, diz que cansou de puxar a orelha do pupilo.
- Nunca elogiava. Sempre o criticava e o orientava. Mas tudo que cobrei no passado está tendo o retorno agora – afirmou o empresário.
Evangélico, o atacante acredita que a religião o distanciou das tentações da vida.
- A religião afasta dos prazeres mundanos, das drogas, da bebida. A fé ajuda muito – destacou.
Além da fé e da bola, Siloé tem sua base na família. Casado com Mazé, ele foi pai recentemente. A pequena Sara, seu maior gol, tem apenas 20 dias.
- Se fizer um gol contra o Flamengo, vou dedicar a ela. Minha mãe me criou sem meu pai. Minha família é tudo – revelou.
Siloé família Ferroviário (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)Siloé iniciou a carreira no Ferroviário
(Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
Sem vaidades, Siloé tinha os cabelos louros quando criança. Ainda adolescente, deixou as madeixas crescerem e viu que as raízes estavam escuras.
- Decidi pintar e fazer um corte legal. O pessoal me chama de moicano loiro.
Com a cabeça feita, Siloé comenta a arrancada que resultou no pênalti cometido por David Braz no jogo de ida contra o Flamengo, no Engenhão.
- É uma jogada típica minha. Dou um tapa na bola e vou para arrancada. Passei por uns quatro jogadores do Flamengo – recordou o atacante.
Cobiçado por diversos times, o trocadilho se faz necessário: Siloé quer ir além do Horizonte.
- Passei por muito sofrimento. Muitas pessoas diziam que eu ficaria na sarjeta. Agora, tenho a alegria de ver meu empresário receber várias propostas.
O nome Siloé diz tudo: um poço em Jerusalém onde o cego de nascença se banhou e recebeu a visão. Agora, o atacante enxerga um futuro promissor.
PERFIL
Comida: macarrão
Música: gospel, a banda Damares Sabor de Mel
Time: Corinthians
Hobby: curtir a família
Perfume: Boticário
Chuteira: Adidas ou Nike
Marca: sem preferências
Mensagem: “Jesus é o autor das nossas vitórias”

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