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quarta-feira, 23 de março de 2011

Esporte


23/03/2011 14h43 - Atualizado em 23/03/2011 14h45

Raí diz que fez 'imbecilidade' ao aceitar jogar na Chechênia

'Participei de um evento escancaradamente político e populista', afirma ídolo do São Paulo sobre partida com o polêmico líder Ramzan Kadyrov

Por GLOBOESPORTE.COMRio de Janeiro
'Brazil Stars': presidente da Chechênia perde pênalti defendido por Zetti (Foto: Reuters)Presidente da Chechênia, Ramzon Kadyrov cobra
pênalti contra os brasileiros (Foto: Reuters)
Raí se arrependeu de ter aceitado disputar uma partida na Chechênia, no último dia 8, ao lado de outros ex-jogadores da Seleção Brasileira. O grupo - que tinha nomes como Romário, Bebeto e Dunga - foi convidado pelo polêmico presidente da região, Ramzan Kadyrov, acusado por diferentes ONGs de não respeitar os direitos humanos. Para o ídolo do São Paulo, a viagem ao Leste Europeu foi uma "imbecilidade".
- Fiz parte de umas das coisas que mais condeno na vida e com a qual mais tenho cuidado: participei de um evento escancaradamente político, populista, em um contexto desconhecido, sem saber as possíveis consequências e intenções - escreveu Raí em seu site oficial.
O ex-camisa 10 da Seleção conta que foi convidado inicialmente para uma partida na Rússia, sem saber que seria na região da Chechênia. Segundo Raí, ele conhecia apenas poucas informações sobre a situação local:
- Sabia de uma terrível guerra entre separatistas chechenos e as forças armadas russas. Mas, segundo informações, a situação já estava menos violenta há algum tempo.
O ídolo tricolor conta também que o cachê não era dos mais altos:
- É o equivalente a pouco mais do que cobro para ministrar uma palestra de duas horas na cidade de São Paulo. É também menos do que doo, com certa frequência, para projetos orientados pelo respeito aos direitos humanos.
Após saber que iria para a Chechênia, o ex-camisa 10 disse que procurou saber informações sobre o presidente local, mas lamentar não ter tido "a profundidade que deveria". Raí acabou entrando em campo com seus velhos amigos para enfrentar um combinao local, reforçado pelo alemão Lothar Matthäus e Rudd Gullit. Ramzan Kadyrov também estava no time adversário.
- Me senti mal por ter sido inconsequente, e não criterioso como sempre costumo ser. Quando percebi o tamanho do risco, após o jogo, minha vontade foi de esconder-me de tudo e todos, inclusive de mim mesmo. Os agentes pediram para “aliviar” um pouco, já que era apenas uma “brincadeira”. Realmente, apesar de Gullit e Matthäus estarem no time adversário, não tinha a mínima condição de fazermos um jogo competitivo. Além do presidente, havia outros que nunca tinham sido atletas de futebol. Foi uma pelada de quintal, mas o público parecia vibrante. Placar a parte, desta imbecilidade (assim que me senti) cometida, ficam duas grandes lições: acompanharei de perto o processo político na Rússia/Chechênia; e estarei muito mais alerta a esses possíveis deslizes de avaliação (mesmo já sendo e tendo uma equipe muito criteriosa). Posso dizer que essa experiência serviu, ao menos, como um importante aprendizado.
De acordo com Raí, o melhor momento da viagem foi a recepção de torcedores no aeroporto na hora da chegada dos brasileiros.
- Chegamos em Grozny já no começo da tarde. Comemos e fomos ao teatro, em um dos prédios reconstruídos, para uma apresentação de danças típicas e música, também com uma atração internacional. Fomos recebidos de forma muito gentil por todos. Foi o único momento que me aproximei da população, que parecia bem. O público era, na maioria, formado por mulheres, em comemoração ao dia internacional da mulher, 8 de março. Muitas com seus celulares filmando tudo. Posso dizer que foi um momento agradável, pude sentir, mesmo que pouco, o lado humano daquela cidade que tenta se reconstruir.
Presidente checheno é figura polêmica
A partida aconteceu no estádio Sultan Bilimkhanov, que em 2004 foi cenário de um atentado que matou o presidente checheno pró-Moscou Akhmad Kadyrov (pai do atual líder), e teve um forte esquema de segurança.
Polêmico, Ramzan Kadyrov, de 34 anos, está no poder desde 2007 e é acusado pelas ONGs de não respeitar os direitos humanos. A capital Moscou permite ao presidente checheno uma relativa estabilidade e confia nele para conter a rebelião, que superou as fronteiras da Chechênia e em meados da década passada se tornou um movimento islamita armado ativo em todo Cáucaso do Norte.
Apesar da instabilidade e do alto nível de desemprego nas pequenas repúblicas do Cáucaso, os gastos com futebol parecem não ter preço. Em janeiro, o Terek Grozny, quase rebaixado na temporada passada, contratou como técnico o holandês Ruud Gullit. Mês passado, o Anzhi Makhatchkala, do Daguestão, contratou o lateral brasileiro Roberto Carlos com o maior salário de um jogador no futebol russo.

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