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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Senhoras e Senhores… Futebol de Várzea!

Dudu Tsuda

Por Dudu Tsuda . 19.05.11 - 22h13

Senhoras e Senhores… Futebol de Várzea!

Taí uma modalidade de futebol que um sujeito que não entende patavina de Campeonato Paulista e Taça Libertadores pode opinar.
Sem pretensão, honesto e direto. Pé na bola, time em campo, carne na brasa, cerveja no gelo, e vamos aí!
“Apita direito hein professor!” Anuncia um torcedor ao juíz.
O clima de festa abre alas para o início da partida. Ao invés de um mar de anônimos e bandeiras flamulando, um pequeno grupo de amigos fiéis e muito próximos aos jogadores e treinadores do time. É a turma da comunidade, da quebrada, que dá sangue pela camisa.
Não haveria de ser diferente. O campo de futebol que frequentam é um espaço da prefeitura dedicado ao lazer e entretenimento da comunidade. As associações desportivas comunitárias e os próprios times cuidam do espaço, organizam campeonatos, escolinha de futebol, jogos amistosos, e festa. Muita festa!
É com este espírito que o documentário longa-metragem Futebol de Vázea de Marc Dourdin nos leva, ao longo de seus 82 minutos, para uma viagem ao outro lado do esporte paixão nacional.
Futebol de Vázea – Marc Dourdin
“A várzea, como é carinhosamente chamada, é apresentada por quatro personagens que convidam o espectador a saber mais sobre este intrigante e desconhecido universo”, explica Marc“O pessoal vê uma pelada num campo de terra e logo diz que é várzea. Várzea é algo muito maior, tem uma organização em volta, tem campeonatos, times estruturados, é outra coisa”, continua.
Nos encantamos com a nobreza e a simplicidade que juízes, jogadores, treinadores, mães, esposas, torcedores e veteranos vibram com seu time.
“Boa” – o tradicional time de várzea Boa Esperança da Zona Leste, com seus 28 anos de existência – leva a narrativa toda como o grande mocinho deste faroeste, enfrentando inimigos em duelos , e entoando histórias e anedotas das mais diversas.
Vestimos a camisa em campo. Somos tão envolvidos pela sua história, suas esperanças, seus anseios, que torcemos pela sua vitória. Ficamos angustiados com as cenas da final de 2009, mesmo sabendo de seu epílogo. E olha que eu não acompanho futebol nem na copa do mundo…
Decepções, alegrias, gols perdidos, gols históricos. Ah… quem não se lembra de 77? Basílio, craque do Corinthians na década de 70, dá as caras ao interpretar um papel que certamente meu ídolo, mister Morgan Freeman, faria em Hollywood. Preto velho, sábio, calmo. Voz serena e grave, que apazigua, nos diz a verdade. O herói do gol da vitória corintiana de 1977, vem até nós como um imenso ombro acolhedor, aquele que podemos contar sempre. Aos amantes de Clint Eastwood, a figura do treinador de boxe old school Scrap, interpretado maravilhosamente por Freeman em Menina de Ouro (2004).
Bom, para todo mestre temos um discípulo. O que seria do Senhor Miyagi sem o Daniel-san para pintar seu muro, lustrar seus carros e varrer sua casa?
Douglas, o “chamador” de estacionamento nas horas não vagas, traz o frescor e a erraticidade da juventude, com sua dura jornada para ganhar suados trocados, por um lado, e seus momentos de glória no campo, por outro. Seus depoimentos dão vida a realidade do jogador varzeano de hoje, figuras esforçadas, bons filhos, trabalhadores e super espontâneos.
E por último, aquele cuja a mãe é alvo dos mais estrondosos xingamentos, cuja a palavra vale fortunas numa final do Brasileirão, cujo o anjo da guarda já nasce com armadura e espada na mão. Errrrrrrrrrrgue o braço senhor Dourado!!! O professor, como o chamam no campo, conquista o espectador pelo seu jogo de cintura e astúcia nas mais complicadas e ameaçadoras situações de trabalho.
Sem os soldados da PM para proteger o gramado, um pênalti mal dado pode custar-lhe umas boas bofetadas, até a vida. “A turma tá tomando todas, vê o que time pode perder com uma falta ou um pênalti, aí a coisa pega”, narra o juiz.
“Mas isto foram outros tempo”, continua. O futebol de várzea cresceu muito desde então, muitos times se esturturaram, pagam um salário aos seus jogadores, arrecadam verba para manutenção do campo, contratam jogadores profissionais e desenvolvem atividades de base, como escolinhas de futebol para formação de futuros craques.
Uma verdadeira ação social com resultados visíveis e continuidade efetiva, que traz uma vivência coletiva saudável e edificante no espaço público e na comunidade.
“O Basílio desenvolve um trabalho social muito interessante, o Craques de Sempre . Lá as comunidades carentes tem acesso a treinos regulares com ex-jogadores gratuitamente. É um projeto da prefeitura em parceria com o ex-jogador, que não somente ajuda os jovens a terem mais esperança e alegria em suas vidas mas, como também, ajudam os ex-jogadores que não conseguiram acumular grandes somas enquanto estiveram na ativa. São heróis e figuras de destaque onde vivem, logo são ótimos mestres pra molecada”, conclui Marc.
“Você pode ver que os bairros que tem uma alta taxa de criminalidade, em sua maioria, não tem áreas de lazer para os moradores e jovens”, filosofa Basílio. O cara tem talento mesmo para Morgan Freeman
* O filme Futebol de Várzea estreiou nas telas do Festival Internacional de Documentários “É Tudo Verdade 2011″ e vai para telona novamente no Festival Cinefoot, com apresentações no Rio de Janeiro e São Paulo. Confira os horários na Boa Agenda logo abaixo.
Aos amantes do esporte e da cultura independentes
Vale lembrar que, por ser uma produção totalmente independente, a Mamute Filmes está buscando patrocínio mediante isenção fiscal para circulação e distribuição do filme Futebol de Várzea em todo Brasil.
Para saber mais sobre o filme acesse o site da produtora:
www.mamutefilmes.com
Crise de identidade
Nunca a palavra diferenciado(a)(s) foi tão comentada e polemizada como na última semana. A combinação explosiva de “pessoa(s) diferenciada(s)” então, nem se fale.
Piadas infelizes foram proferidas, uma discussão político, religiosa e social foi instaurada e o metrô que é bom mesmo, só em 2012. Ou 2050… Sabe lá Deus o que a “corte” de Higienópolis vai aprontar…
E pensar que a Torre Eiffel e a Boulevard Champs Elysée em Paris estão circundadas por estações de metrô,Manhattan em NY é costurada por uma densa malha subterrânea e Xangai construiu em 15 anos, mais de 400 quilômetros de metrô e linhas de trem em seu espaço urbano. Só gente diferenciada!
Associar transporte público com baderna e aumento de criminalidade nos mostra como a elite financeira da cidade se relaciona de forma torpe com o espaço público, e de como muitos destes valores obsoletos atrasam o nosso desenvolvimento social e urbanístico.
Já é um costume falarmos de espaço urbano aqui, e não poderia perder esta oportunidade para tecer pertinentes comentários.
Sobretudo quando tenho em mãos um documentário que fala de um Brasil mais solidário e mais humano.
Música no Metrô: Lulina e Bruno morais na Estação Paraíso, dia 01 de abril de 2011.
Boa Agenda
Dia 28 de maio de 2011 – 19h
Unibanco Artplex – Praia do Botafogo
Serviço:
Praia de Botafogo 316, Botafogo
Tel.:             (021) 2559-8750      
Rio de Janeiro – RJ
Dia 05 de junho de 2011 – 19:30h
Serviço:
Museu do Futebol – Praça Charles Miller, S/N - Estádio do Pacaembu
            11 3664-3848      
São Paulo – SP
Para maiores informações, acesse o site do festival: http://www.cinefoot.org/

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